Mosteiro de Singeverga
Pax!

A Regra se S. Bento tornou-se emblemática do monaquismo ocidental e foi classificada por S. Gregório Magno “notável pela discreção e de linguagem luminosa. Se alguém quiser conhecer mais a fundo os costumes e vida do Santo Patriarca, pode achar nos preceitos da mesma Regra todos os actos do seu magistério; porque o santo varão nunca foi capaz de ensinar coisa diferente daquilo que ele próprio viveu" (II Livro dos Diálogos, Cap. 36).

Infelizmente, perdeu-se o original e o códice mais antigo que, hoje, se conhece é o ‘Sangallensis 914’, do século IX. Existindo uma ‘Regula Magistri’, de autor anónimo e datada do século VI, não falta quem lhe atribua anterioridade, afirmando que S. Bento dela se teria servido.

Tal como a temos, a Regra Beneditina parece ter tido uma primeira redacção até ao capítulo 66, a que, posteriormente, se juntaram os capítulos 67 a 73. Na verdade, a
“Regra dos Monges” consta de 73 capítulos, em que se podem distinguir 4 partes:
I - O Prólogo, autêntica jóia de espiritualidade e motivação;
II - Os capítulos fundamentais da espiritualidade beneditina e suas virtudes (Cap 1-7);
III - Códice Litúrgico (Cap 8-20) com a indicação do Ofício Divino ou oração dos monges sete vezes ao dia;
IV - Código normativo e disciplinar (Cap 21-73) sobre o teor de vida monástica nos mosteiros e sua organização. Esta Regra podem bem classificar-se como “quinta essência do Evangelho” (Bossuet), onde tudo se rege pelo princípio de que “nada se deve antepor ao amor de Cristo” (RB, 4,24) e toda a observância se deve sujeitar à autoridade do Abade, “pai, que faz as vezes de Cristo” (RB 4, 24) e toda a “observância se deve sujeitar à autoridade do Abade, “pai, que faz as vezes de Cristo” (RB 2,5) e da Regra (RB 1, 4). Embora os mosteiros sejam autónomos estão reunidos na Confederação Beneditina com sede em Santo Anselmo, Roma, e os irmãos, dados ao “Ora & Labora”, vivem em comunidade dentro da clausura do mosteiro que, deve ser “escola do serviço do Senhor” (RB Prol. 107) e “oficina onde tudo diligentemente se realiza” (RB 4, 98).

Em Portugal, houve várias edições da Regra em latim e português, sendo a primeira impressa em 1586 e a última em 1993 pelos Monges de Singeverga. Ficaram, todavia, famosas as 16 pequeníssimas edições, quando, no terramoto de Lisboa (1755), o Mosteiro de S. Bento da Saúde, no meio das ruínas da cidade, com espanto geral, ficou intacto, passando a Regra a ser usada como talismã contra os terramotos e outros males. Por isso, S. Bento, o “S. Bentinho” da devoção popular, é tido, em Portugal, como advogado das coisas ruins, dos males desconhecidos e dos maus vizinhos da porta e a Medalha de S. Bento particularmente querida dos devotos.